"O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado."
( Mário Quintana )

domingo, 10 de janeiro de 2010

Memórias de uma gueixa




Dados técnicos:
Autor- Arthur Golden
Editora - Imago Editora
Número de páginas - 160

Dados da leitura:

Data início da leitura - 24.03.09
Data termino da leitura - 03.05.09
Tempo total de leitura - 2.456 minutos ( 40 horas e 56 minutos )
Média de tempo por dia - aproximadamente 62 minutos

Estava conversando com uma amiga sobre a cultura japonesa e ela
me perguntou se eu já havia lido este livro. Com a minha resposta negativa, dias depois ela me emprestou.

Demorei para lê-lo, mas o li com tanta vontade que consegui
imaginar cada situação, como se eu tivesse vivido naquela época. A história da pequena Chyo é bastante emocionante e não tem como não torcer para que o final seja feliz, afinal ela teve de se virar sem a irmã, sem os pais e longe da casa bêbada na pacata cidade japonesa.

Gostei de ter aprendido sobre a vida das gueixas através da história da Chyo, não sabia por exemplo, que os pais vendiam as filhas que prometiam se tornar belas e famosas gueixas. Também não sabia que para se tornar uma, não era tão fácil, era necessário estudar muito e se dedicar desde a infância. Elas não podem ser consideradas como garotas de programa, embora a
função principal fosse entreter os homens. Mas entreter nem sempre siginifica fazer sexo.


As gueixas precisam pagar todos os gastos que deram até se tornarem uma, desde comida a honorários de médicos quando ficassem doentes. Faziam uma dívida grande com o okyo onde viviam, e nem todas conseguiam quitar tal dívida. Era questão de sorte ter uma irmã mais velha bastante popular e um danna bastante atencioso e rico.

As casas de chá eram os lugares onde os homens iam para serem entretidos pelas gueixas. Haviam muitas casas deste tipo em Gion. Aliás, deveriam ser chamadas de casas de saquê, faria mais sentido talvez.

Torci muito para que a Chyo tivesse conseguido fugir com a irmã... Ah, como torci!
Interessante saber sobre como era tratado o momento do mizaugue – era assim chamado a primeira relação sexual da gueixa. Muitos homens disputavam para tirar a virgindade delas, como se fosse um leilão. Quem pagasse mais, era o felizardo. O momento da primeira relação sexual era algo totalmente frio, o homem pensava apenas no próprio prazer e tinha este momento como um detalhe importante para seu ego masculino.
No caso da Sayuri, seu mizaugue ocorreu com um médico e ele tinha uma pasta onde guardava em pequenos potes os pedaços de tecidos de lençol ou de toalha com o sangue que era o resultado do rompimento do himen. Em outras palavras, colecionava pedaços de pano com sangue das gueixas as quais tirara a virgindade. Triste, não?
Achei muito bonita a relação da Sayuri com a Mameha, que não era, no meu ponto de vista, a irmã mais velha apenas por ajudá-la a se tornar uma gueixa conceituada.
Gostei do fim que teve Hatumomo, que não poderia ter sido diferente. Esperei muito por este momento.
O livro é muito bem escrito, rico em detalhes e com ótimas comparações de situações. A história é daquelas que a gente ri e se emociona em todas as páginas. Derramei lágrimas e dei boas gargalhadas.
A Chyo/Sayuri é um personagem marcante, com um bom humor até mesmo quando poderia ser amarga. Uma menina ingênua que se tornou uma mulher esperta.
Fiquei morrendo de dó do Nobu e achei bonita a história de amor proibido entre o Presidente e Sayuri.
Felizmente Abóbora não conseguiu o que queria. Nem Hatsumomo.
Queria que esta história fosse verdadeira e que Sayuri tivesse
realmente existido...

Jobutsu Shite Kuret! ;)

FRASES MARCANTES:
“Por isso os que são belos e talentosos carregam o ônus de
encontrar seu próprio caminho neste mundo.”

“Equilíbrio de bom e mau pode abrir a porta do destino.”
“Da primeira vez não teria me sentido mais assustada se tivesse espirrado e encontrado pedaços de cérebro em meu lenço. Na verdade pensei que estava morrendo, até que Titia me pegou lavando um pano ensanguentado e me explicou que sangrar faz parte de uma mulher.”
“Nunca procuro derrotar o homem a quem estou combatendo. Procuro derrotar a sua confiança. Uma mente perturbada pela dúvida não pode se concentrar no curso da vitória.”
“A adversidade é como um longo vento forte. Não quero apenas dizer que ela nos afasta de lugares aonde poderíamos ir, mas também arranca de nós tudo menos as coisas que não podem ser arrancadas, de modo que depois nos vemos como realmente somos, e não como gostaríamos de ser.”

"Depois tentei fazer falar o Ministro, mas naturalmente seria mais fácil arrancar uma palavra ou duas do peixinho grelhado em seu prato."