"O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado."
( Mário Quintana )

domingo, 10 de janeiro de 2010

A leitura em minha vida

Cresci num ambiente de intelectuais. Meu contato com os livros aconteceu quando não sabia o que eram ou para que serviam. Mas enquanto passava o tempo me divertindo com os brinquedos, nunca deixei de notar que meus pais e irmãs, diariamente se entregavam ao prazer da leitura. Assim, meu contato com as letras aconteceu bem cedo. Adorava a hora de dormir quando alguém lia estória de algum livro infantil para mim, no entanto quando tinha 5 anos de idade, comecei a ficar incomodada com esta situação, queria ser independente, ler sozinha!

Cresci cercada por livros, em casa sempre houve uma vasta biblioteca. Livros de todos os tipo e para todos os gostos literários.

E aos 5 anos, pela primeira vez na vida, demonstrei uma forte característica da minha personalidade, talvez minha única qualidade: a determinação! Decidi que aprenderia a ler. Já tinha uma base, sabia diferenciar vogais de consoantes, conhecia as sílabas, faltava apenas aprender a ler, escrever palavras "inteiras" e construir frases. E assim, certa noite, sentei na escrivaninha da minha irmã, peguei um livro infantil, lápis e a agenda escolar. Coloquei na cabeça que não sairia dali enquanto não aprendesse! Detalhe: não avisei ninguém sobre esta decisão.

Lembro até hoje deste primeiro livro que li, apenas não me lembro do título, mas a história era sobre uma família de sapos.



Quando minha mãe viu que eu tinha copiado o livro todo e poderia lê-lo com facilidade, quase não acreditou! Aprender a ler e escrever, foi o único motivo de orgulho que dei aos meus pais!

A partir daí, passei a demonstrar o prazer pela leitura. Minha família, sem saber, me influenciou bastante, pois vendo que todos tinham o hábito de ler, me instigou absurdamente a entender o "mundinho das letras". Então acredito que isto é fundamental, pois se os filhos não tem contato com os livros desde a infância, dificilmente criarão o hábito pela leitura. Para mim, foi muito importante ter crescido num ambiente de intelectuais.

Durante a infância, li vários livros, adorava e tinha a coleção completa do ´Sítio do Picapau Amarelo´, de Monteiro Lobato. Mas outros tornaram-se inesquecíveis para mim: não cansava de ler o ´Marcelo,martelo,marmelo´ de Ruth Rocha, o ´Ou isto,ou aquilo´ de Cecília Meireles e o ´O Pequeno Princípe´, de Antoine de Saint-Exupéry . Foram os que mais me marcaram, por justamente ter lido diversas vezes.

No início da adolescência, parei de demonstrar o prazer pela leitura, claro que por causa da rebeldia. Além disso, não gostava de ser obrigada pela escola a ler livros para então posteriormente ser avaliada em uma prova. Nunca gostei de ser obrigada a nada, então não aceitava que me obrigassem a ler. Dos quais fui obrigada, li poucos.
Durante alguns anos, abandonei o hábito de ler, pois outros interesses surgiram em minha vida e não ter tempo para devorar um livro, era uma boa desculpa. Mas tinha tempo suficiente para namorar ou me entregar às paixões platônicas...

Até que no auge da depressão que enfrentei, então com 16 anos, trancada em meu quarto quando não tinha vontade de fazer nada, comecei a devorar livros como uma fuga da realidade. Sim, percebi que quando me entregava à leitura, esquecia completamente da vida, dos problemas, de tudo. Lendo, passava a viver a história do livro. Me entregar à leitura me fazia muito bem. Aliás, enquanto viva, sempre me fará!

Então o prazer pela leitura reapareceu com uma maior intensidade, tanto que nunca mais parei de me entregar a este prazer! ;)