"O livro traz a vantagem de a gente poder estar só e ao mesmo tempo acompanhado."
( Mário Quintana )

domingo, 10 de janeiro de 2010

Esmeralda



Dados técnicos:
Autor- Zíbia Gasparetto
Editora - Vida e Consciência
Número de páginas - 352

Dados da leitura:
Data início da leitura - 17.11.09
Data termino da leitura - 08.01.10
Tempo total de leitura - 1.591 minutos ( 26 horas e 31 minutos )
Média de tempo por dia - aproximadamente 31 minutos

Gosto muito da literatura espírita e a cultura cigana sempre me instigou, então por estes motivos, seria impossível não ter gostado de ler este livro. No vigésimo capítulo, pensei que soubesse o desfecho da história, como seria o fim de cada personagem. Mas no último capítulo, fui extremamente surpreendida, pois nada do que havia imaginado, aconteceu! Foi um desfecho melhor daquele imaginado!

Este livro fala muito sobre vingança e o que ocorre com quem alimenta este sentimento tão ruim. Me fez pensar muito em relação à isto e identifiquei uma pessoa que conheço. Ela é tão vingativa e não se dá conta que a própria vida já lhe está dando sinais do teu coração tão amargo. Mesmo esta pessoa sendo uma mulher, tem a personalidade idêntica ao do Álvaro. Mas tem um pouco de Esmeralda dentro de si também.

Refleti no quanto o perdão é importante, tanto para quem está vivo como para o espírito perdoado. Como sou escorpiana, ainda não aprendi como perdoar as pessoas, mas este livro me fez pensar muito a respeito disso e o terminei de ler tendo certeza do quanto quero trabalhar isso dentro de mim. Esmeralda me ensinou no quanto esta atitude tão simples, faz toda a diferença no final.

Achei interessante como que apenas um personagem, me refiro à Esmeralda, foi capaz de mexer com tantos sentimentos meus. A admirei, odiei, tive pena, e por fim, me fez abrir um sorriso de felicidade.

Gostei de ter conhecido um pouco mais sobre a vida cigana, admiro a liberdade que eles tanto prezam. Nos capítulos focados na Esmeralda e seu grupo, consegui me imaginar em vários momentos, principalmente nas festas, me vi dançando entre eles.

Durante todo o livro, senti um carinho muito grande por Sergei e Miro, como se os conhecesse.

Chorei com as mortes carnais e com o amor impossível entre Isadora e José. Fiquei feliz com Álvaro e Maria. Na verdade este livro me fez ficar emocionada na maioria das páginas. E vibrei com as respostas, ou melhor, com o fim de cada personagem.

Um dos pontos que gostei é que rola um suspense, então enquanto lia, tinha esta sensação e ficava curiosa para chegar nos parágrafos que contariam o que tinha ocorrido. Como peguei este livro emprestado de uma cunhada, a edição é antiga, de 1994, então encontrei vários erros de digitação. Acredito que a editora já tenha os arrumado, mas achei chato tê-los encontrado.
O vocabulário utilizado não é um dos mais fáceis, o que me fez abrir o dicionário diversas vezes para procurar o siginificado de muitas palavras que nunca tinha ouvido falar.

Este livro me fez pensar muito sobre a vida e a morte carnal! E, como acontece com todos os livros espíritas, encontrei respostas pessoais.

Por fim, concordo com a citação da Zíbia: "Todas nós mulheres, temos um pouco de Esmeralda".

Frases marcantes:

"Aprende a ter paciência com as coisas que não podes mudar. Essa é a sabedoria da vida."

"Mas reconhece que não são apenas os que roubam o ouro ou os que matam o corpo que podemos chamar de ladrões e assassinos. Há os que não fazem nada disso, mas roubam o sossego dos outros, matam-lhes a alegria de viver, sem se importarem, destróem ilusões, ferem sentimentos, traem a confiança e seguem indiferentes aos sofrimentos que causaram."

"... as leis de Deus darão sempre a cada um o que merece, de acordo com suas obras."

Memórias de uma gueixa




Dados técnicos:
Autor- Arthur Golden
Editora - Imago Editora
Número de páginas - 160

Dados da leitura:

Data início da leitura - 24.03.09
Data termino da leitura - 03.05.09
Tempo total de leitura - 2.456 minutos ( 40 horas e 56 minutos )
Média de tempo por dia - aproximadamente 62 minutos

Estava conversando com uma amiga sobre a cultura japonesa e ela
me perguntou se eu já havia lido este livro. Com a minha resposta negativa, dias depois ela me emprestou.

Demorei para lê-lo, mas o li com tanta vontade que consegui
imaginar cada situação, como se eu tivesse vivido naquela época. A história da pequena Chyo é bastante emocionante e não tem como não torcer para que o final seja feliz, afinal ela teve de se virar sem a irmã, sem os pais e longe da casa bêbada na pacata cidade japonesa.

Gostei de ter aprendido sobre a vida das gueixas através da história da Chyo, não sabia por exemplo, que os pais vendiam as filhas que prometiam se tornar belas e famosas gueixas. Também não sabia que para se tornar uma, não era tão fácil, era necessário estudar muito e se dedicar desde a infância. Elas não podem ser consideradas como garotas de programa, embora a
função principal fosse entreter os homens. Mas entreter nem sempre siginifica fazer sexo.


As gueixas precisam pagar todos os gastos que deram até se tornarem uma, desde comida a honorários de médicos quando ficassem doentes. Faziam uma dívida grande com o okyo onde viviam, e nem todas conseguiam quitar tal dívida. Era questão de sorte ter uma irmã mais velha bastante popular e um danna bastante atencioso e rico.

As casas de chá eram os lugares onde os homens iam para serem entretidos pelas gueixas. Haviam muitas casas deste tipo em Gion. Aliás, deveriam ser chamadas de casas de saquê, faria mais sentido talvez.

Torci muito para que a Chyo tivesse conseguido fugir com a irmã... Ah, como torci!
Interessante saber sobre como era tratado o momento do mizaugue – era assim chamado a primeira relação sexual da gueixa. Muitos homens disputavam para tirar a virgindade delas, como se fosse um leilão. Quem pagasse mais, era o felizardo. O momento da primeira relação sexual era algo totalmente frio, o homem pensava apenas no próprio prazer e tinha este momento como um detalhe importante para seu ego masculino.
No caso da Sayuri, seu mizaugue ocorreu com um médico e ele tinha uma pasta onde guardava em pequenos potes os pedaços de tecidos de lençol ou de toalha com o sangue que era o resultado do rompimento do himen. Em outras palavras, colecionava pedaços de pano com sangue das gueixas as quais tirara a virgindade. Triste, não?
Achei muito bonita a relação da Sayuri com a Mameha, que não era, no meu ponto de vista, a irmã mais velha apenas por ajudá-la a se tornar uma gueixa conceituada.
Gostei do fim que teve Hatumomo, que não poderia ter sido diferente. Esperei muito por este momento.
O livro é muito bem escrito, rico em detalhes e com ótimas comparações de situações. A história é daquelas que a gente ri e se emociona em todas as páginas. Derramei lágrimas e dei boas gargalhadas.
A Chyo/Sayuri é um personagem marcante, com um bom humor até mesmo quando poderia ser amarga. Uma menina ingênua que se tornou uma mulher esperta.
Fiquei morrendo de dó do Nobu e achei bonita a história de amor proibido entre o Presidente e Sayuri.
Felizmente Abóbora não conseguiu o que queria. Nem Hatsumomo.
Queria que esta história fosse verdadeira e que Sayuri tivesse
realmente existido...

Jobutsu Shite Kuret! ;)

FRASES MARCANTES:
“Por isso os que são belos e talentosos carregam o ônus de
encontrar seu próprio caminho neste mundo.”

“Equilíbrio de bom e mau pode abrir a porta do destino.”
“Da primeira vez não teria me sentido mais assustada se tivesse espirrado e encontrado pedaços de cérebro em meu lenço. Na verdade pensei que estava morrendo, até que Titia me pegou lavando um pano ensanguentado e me explicou que sangrar faz parte de uma mulher.”
“Nunca procuro derrotar o homem a quem estou combatendo. Procuro derrotar a sua confiança. Uma mente perturbada pela dúvida não pode se concentrar no curso da vitória.”
“A adversidade é como um longo vento forte. Não quero apenas dizer que ela nos afasta de lugares aonde poderíamos ir, mas também arranca de nós tudo menos as coisas que não podem ser arrancadas, de modo que depois nos vemos como realmente somos, e não como gostaríamos de ser.”

"Depois tentei fazer falar o Ministro, mas naturalmente seria mais fácil arrancar uma palavra ou duas do peixinho grelhado em seu prato."

As cinco pessoas que você encontra no céu




Dados técnicos:
Autor- Mitch Albom
Editora - Sextante
Número de páginas - 189
Ano de publicação - 2004

Dados da leitura:

Data início da leitura - 20.02.09
Data termino da leitura - 03.03.09
Tempo total de leitura - 547 minutos ( 9 horas e 7 minutos )
Média de tempo por dia - aproximadamente 50 minutos

O que chamou minha atenção neste livro quando o vi na prateleira de uma livraria, sem dúvidas, foi o título instigante. Nunca tinha parado pra pensar quais pessoas que encontrarei quando partir desta pra melhor.
Decidi lê-lo num momento muito oportuno, numa fase na qual esta leitura caiu como uma luva.

Durante a leitura, mais do que parar pra imaginar quem encontrarei, lembrei dos terminos de relacionamentos que ocorreram comigo, e não somente com ex-namorados. Pessoas que foram embora da minha vida com ou sem motivos, mas muitas vezes sem termos tido oportunidade de colocarmos os pontos nos is.


Me coloquei no lugar de Eddie em todos os momentos. A história é tão bem detalhada, na medida certa aliás, que durante a leitura, conseguia ver todas as cenas ali descritas. Consegui imaginar inclusive as diversas tonalidades que o céu pode ter e não apenas o azul ao qual estamos acostumados. Ou o branco em dias nublados.


Me identifiquei com Eddie. O fato dele ter vivido um amor incondicional por alguém, assim como pela relação perturbada com o próprio pai. Além disso, assim como ele, já me senti inútil pelo trabalho que optei seguir.


“Eddie Manutenção” foi um personagem que me deixou várias mensagens positivas e me fez refletir bastante em relação à vida.


Me fez pensar inclusive, se conhecerei alguém como o Homem Azul. Acredito que durante nossa vida, deixamos coisas boas à quem fez parte de nós de maneira direta ou indireta, mas também creio que deixamos coisas ruins ou até mesmo matamos sem ao menos ficarmos sabendo.


Fiquei curiosa durante todo o livro pra saber qual foi o final de Amy?Annie?. Vibrei ao descobrir!


Assim como Eddie, quero salvar uma vida. Mesmo que para que isto ocorra, custe a minha.


Aprendi que nenhuma maneira de viver é inútil e que as peças deste jogo que chamamos de vida, em algum momento, se encaixam. Às vezes tarde demais, mas sempre no momento certo. Mostra que muitas vezes achamos que estamos agindo de maneira errada, mas a verdade é que estamos no caminho certo.

Fiquei curiosa pra saber se a doença herpes-zóster, algo que nunca até então tinha ouvido falar, realmente existe. Nada como o Google para descobrir... E não é que existe?


A história deste livro é bem marcante, as mensagens que nos passa são para refletir. Eu pelo menos refleti muito, durante a leitura e nos dias seguintes quando havia o terminado.


Frases marcantes:

“Mas todos os fins são também começos. Embora,quando acontecem, não saibamos disso.”

“Para um ária, uma pedrada pode ser uma carícia.”


“O único tempo que desperdiçamos é aquele que passamos achando que somos sozinhos.”


“A morte não leva uma pessoa simplesmente, ela também deixa de levar uma outra, e na pequena distância que há entre ser levado e ser deixado, as vidas se modificam.”


“Às vezes, quando a gente sacrifica algo de muito valor, na verdade não está perdendo essa coisa. Está apenas transmitindo-a a outra pessoa.”


“Os pais raramente libertam os filhos, os filhos é que se libertam dos pais.”


“(...) Cada vida afeta a outra, e a outra afeta a seguinte, e que o mundo está cheio de histórias, mas todas as histórias são uma só.”

Sobre este blog

Há quase três anos atrás, fiquei com vontade de criar um blog focado no mundinho literário, então podemos dizer que este projeto é antigo. Tenho várias ideias e as colocarei em prática com o tempo, não sei se serão bem sucedidas, mas o principal objetivo é dividir com os leitores deste canto virtual, o prazer que sinto pela leitura.

Como engavetei este projeto durante um bom tempo, então deixei de fazer anotações de muitos livros que li neste período. Em contrapartida, pretendo lê-los novamente para reviver as histórias e fazer minhas observações.


Iniciarei este blog com as observações de apenas três livros, mas como tenho uma meta mensal e pessoal, haverá no mínimo um post por mês!


As minhas anotações são bem simples, não estrago a graça para os futuros leitores que devorarem tais livros, e por isso mesmo não farei resumos. Divido apenas o que mais gostei ou o que não me agradou, assim como os sentimentos que tive durante a leitura, o que aprendi com a história em questão, as frases que me marcaram, etc. No entanto, quem já leu estes livros, entenderá muito bem as minhas observações!


Ah, e durante a leitura, calculo o tempo! Tenho feito da seguinte maneira: comprei um caderno apenas para estas anotações, então quando começo a ler um capítulo, anoto o horário e quando o termino, anoto novamente para então calcular o tempo que me dediquei à leitura. Faço isso com cada capítulo e ao terminar de ler o livro, então calculo o tempo total.

Não estranhe se o tempo total que me dediquei ao livro for absurdamente grande, pois precisamos levar em conta que eu tenho DDA! E na maior parte das vezes, leio duas vezes a mesma página para não deixar nenhum detalhe passar batido! ;)

A leitura em minha vida

Cresci num ambiente de intelectuais. Meu contato com os livros aconteceu quando não sabia o que eram ou para que serviam. Mas enquanto passava o tempo me divertindo com os brinquedos, nunca deixei de notar que meus pais e irmãs, diariamente se entregavam ao prazer da leitura. Assim, meu contato com as letras aconteceu bem cedo. Adorava a hora de dormir quando alguém lia estória de algum livro infantil para mim, no entanto quando tinha 5 anos de idade, comecei a ficar incomodada com esta situação, queria ser independente, ler sozinha!

Cresci cercada por livros, em casa sempre houve uma vasta biblioteca. Livros de todos os tipo e para todos os gostos literários.

E aos 5 anos, pela primeira vez na vida, demonstrei uma forte característica da minha personalidade, talvez minha única qualidade: a determinação! Decidi que aprenderia a ler. Já tinha uma base, sabia diferenciar vogais de consoantes, conhecia as sílabas, faltava apenas aprender a ler, escrever palavras "inteiras" e construir frases. E assim, certa noite, sentei na escrivaninha da minha irmã, peguei um livro infantil, lápis e a agenda escolar. Coloquei na cabeça que não sairia dali enquanto não aprendesse! Detalhe: não avisei ninguém sobre esta decisão.

Lembro até hoje deste primeiro livro que li, apenas não me lembro do título, mas a história era sobre uma família de sapos.



Quando minha mãe viu que eu tinha copiado o livro todo e poderia lê-lo com facilidade, quase não acreditou! Aprender a ler e escrever, foi o único motivo de orgulho que dei aos meus pais!

A partir daí, passei a demonstrar o prazer pela leitura. Minha família, sem saber, me influenciou bastante, pois vendo que todos tinham o hábito de ler, me instigou absurdamente a entender o "mundinho das letras". Então acredito que isto é fundamental, pois se os filhos não tem contato com os livros desde a infância, dificilmente criarão o hábito pela leitura. Para mim, foi muito importante ter crescido num ambiente de intelectuais.

Durante a infância, li vários livros, adorava e tinha a coleção completa do ´Sítio do Picapau Amarelo´, de Monteiro Lobato. Mas outros tornaram-se inesquecíveis para mim: não cansava de ler o ´Marcelo,martelo,marmelo´ de Ruth Rocha, o ´Ou isto,ou aquilo´ de Cecília Meireles e o ´O Pequeno Princípe´, de Antoine de Saint-Exupéry . Foram os que mais me marcaram, por justamente ter lido diversas vezes.

No início da adolescência, parei de demonstrar o prazer pela leitura, claro que por causa da rebeldia. Além disso, não gostava de ser obrigada pela escola a ler livros para então posteriormente ser avaliada em uma prova. Nunca gostei de ser obrigada a nada, então não aceitava que me obrigassem a ler. Dos quais fui obrigada, li poucos.
Durante alguns anos, abandonei o hábito de ler, pois outros interesses surgiram em minha vida e não ter tempo para devorar um livro, era uma boa desculpa. Mas tinha tempo suficiente para namorar ou me entregar às paixões platônicas...

Até que no auge da depressão que enfrentei, então com 16 anos, trancada em meu quarto quando não tinha vontade de fazer nada, comecei a devorar livros como uma fuga da realidade. Sim, percebi que quando me entregava à leitura, esquecia completamente da vida, dos problemas, de tudo. Lendo, passava a viver a história do livro. Me entregar à leitura me fazia muito bem. Aliás, enquanto viva, sempre me fará!

Então o prazer pela leitura reapareceu com uma maior intensidade, tanto que nunca mais parei de me entregar a este prazer! ;)